quarta-feira, 19 de outubro de 2011

ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO DA DOENÇA DE ALZHEIMER



A deterioração do tecido cerebral observada na doença de Alzheimer caracteriza-se fundamentalmente pela redução do número de neurônios por morte e pelo comprometimento da função dos neurônios remanescentes. Diante da incapacidade de regeneração do tecido nervoso, os sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos instalam-se. Inúmeros fatores podem produzir lesão ou morte dos neurônios, levando ao aparecimento dos sintomas cognitivos, comportamentais e afetivos que caracterizam a doença de Alzheimer.

As causas da doença de Alzheimer não são claramente definidas, mas há vários estudos e pesquisas que defendem a tese que a maioria dos casos se deve à soma de fatores de risco como a idade, traumas cranianos, hábitos de vida errôneos como etilismo e tabagismo, fatores genéticos, desencadeando uma série de efeitos fisiopatológicos que, ao longo de décadas, levam à demência.

Alguns fatores genéticos estão envolvidos como é o caso dos cromossomos 1, 12,14,19 e 21. Muitos cientistas defendem a tese que as mutações alteraram os mecanismos pelos quais a proteína betaamilóide é processada, surgindo fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles e conseqüente depósito e agregação de resíduos de aminoácidos, conhecidos como peptídeos amilóides beta. Este peptídeo beta-pregueado tem propriedades neurotóxicas e gera uma incompreensão dos eventos, com morte neuronal, perda sináptica e formação de emaranhados neurofibrilares e finalmente das placas senis que caracterizam histopatologicamente a doença de Alzheimer.

Estudos publicados mostraram que a proteína que se acumula dentro dos neurônios dos doentes com Alzheimer, é diferente da que se acumula nos espaços existentes entre eles. A proteína beta-amilóide se deposita em placas que causam destruição de neurônios por criar processo inflamatório crônico nas regiões afetadas, interferir com a regulação de cálcio, essencial para a condução dos estímulos nervosos, e aumentar a produção de radicais livres, tóxicos para as células nervosas.

A associação entre a doença de Alzheimer e a síndrome de Down levou à descoberta do primeiro gene desta doença no cromossomo 21, que é o cromossomo extra, envolvido na síndrome de Down, onde também se localiza o gene para a proteína precursora do amilóide (PPA) e, portanto, possuem 50% de capacidade a mais de gerar a fonte da proteína beta-amilóide, constituinte primário das placas amilóides que se depositam no cérebro com doença de Alzheimer. Indivíduos com síndrome de Down apresentam envelhecimento prematuro e praticamente todos apresentam doença de Alzheimer, clínica e neuropatologicamente confirmada, entre 40 e 50 anos de idade.

É considerado como fator de risco o gênero feminino; a doença de Alzheimer afeta tanto homens como mulheres, mas o risco é significantemente maior nas mulheres que nos homens atribuído à perda do estrogênio em mulheres pós-menopausa.

Recentes pesquisas apontam como agentes etiológicos, a toxicidade a agentes infecciosos, ao alumínio, a radicais livres de oxigênio, a aminoácidos neurotóxicos e a ocorrência de danos em microtúbulos e proteínas associadas. Estes agentes podem ainda atuar por dano direto no material genético, levando a uma mutação somática nos tecidos.

A história prévia de traumatismo crânio-encefálico também parece ter importância no desenvolvimento da doença de Alzheimer.

Diante da complexidade da doença de Alzheimer, muitos estudos e pesquisas vêm sendo realizados buscando suas causas e melhor compreensão. Algumas conclusões já foram demonstradas: existem dois tipos de Alzheimer: a doença de Alzheimer familiar e os casos esporádicos da doença de Alzheimer.

Algumas famílias têm prevalência mais alta da doença de Alzheimer, mas também podem surgir casos esporádicos da doença em famílias que nunca apresentaram nenhum caso. Cerca de 10% a 60% dos pacientes com histórico familiar da doença apresentam precocemente a doença, geralmente antes dos 50 anos e a evolução dos sintomas é muito mais rápida. Nestes casos, foram descritas mutações de genes presentes nos cromossomos 1 e 14. Nas formas de Alzheimer que se instalam tardiamente, parece estarem envolvidos outros genes, ligados à apo lipoproteína E, envolvida no transporte de colesterol e na reparação de defeitos celulares.

A prevalência da doença de Alzheimer aumenta conforme a idade. Muitos especialistas afirmam que há duas variações do Mal de Alzheimer, sendo que 95% dos acometidos são portadores da forma esporádica que se manifesta após os 60 anos sem necessariamente ter outro caso na família e 5% possui o Alzheimer familiar cuja principal característica é o acometimento antes dos 60 anos e cuja evolução é muito mais rápida e agressiva.

Outros estudos em andamento, acompanhando pessoas idosas com 90 anos e mais, têm como resultados que, o risco de iniciar a doença de Alzheimer apos 90 anos é diminuído.

No envelhecimento há queda natural da capacidade da resposta imunológica e por isso o desenvolvimento de patologias é mais freqüente e mais grave. Fatores extrínsecos como o estilo de vida, as condições socioeconômicas e os fatores psicossociais e ambientais, determinam alterações funcionais, celulares e moleculares, que acarretam diminuição da capacidade de manutenção do equilíbrio homeostático ocasionando maior predisposição a doenças.

O colesterol é necessário para a integridade da bainha de mielina que envolve as raízes nervosas. A apolipoproteína é uma proteína presente na circulação, importante no transporte de colesterol no sistema nervoso central. Indivíduos em que essa proteína possui determinadas características genéticas têm probabilidade mais alta de desenvolver a doença de Alzheimer.

Paralelo aos fatores de risco existem fatores protetores da doença de Alzheimer. O conhecimento, a escolaridade, as atividades intelectuais, proporcionam novas conexões entre os neurônios (sinapses) e aumentam a reserva intelectual, fatores que retardam o aparecimento das manifestações de demência. O analfabetismo e a baixa escolaridade estão associados à maior prevalência. Vários estudos sugerem que a atividade física tenha efeito protetor.


Existem também estudos que mostram que pessoas que vivem sob baixas condições de stress, fazem uso de dieta saudável, desenvolvem atividade física regularmente e são mentalmente ativos, podem ter reduzido risco de contrair a doença de Alzheimer.

No Brasil, estudos mostraram que fatores não-genéticos, chamados ambientais, também podem influenciar na manifestação da doença como o tabagismo, o etilismo, e o uso de drogas.


A composição da dieta, uso adequado de suplementos e mudanças simples no estilo de vida, inclusive exercícios mentais e físicos são fatores que podem favorecer positivamente o funcionamento cerebral, além de facilitar a captação dos neurotransmissores, essenciais a memória, inteligência, criatividade e humor. Ao longo da vida as células, inclusive as do cérebro, são danificadas por substâncias químicas instáveis, chamadas radicais livres de oxigênio, que levam a uma diminuição do ritmo de produção de energia. A ação destas substâncias compromete a atuação dos neurônios, pois provocam a retração dos dendritos e o desaparecimento das sinapses, reduzindo a capacidade de comunicação entre as células danificando o funcionamento mental. Após anos de exposição aos radicais livres, os neurônios podem ser destruídos e por fim provocar a doença de Alzheimer.


Pesquisas vêm sendo realizadas há muitos anos sobre a ação de antiinflamatórios não hormonal no tratamento da doença de Alzheimer. Este medicamento parece provocar o bloqueio do processo degenerativo que ocorre no sistema nervoso na doença de Alzheimer, inibindo a formação da proteína amilóide. Muitos antiinflamatórios não produzem os mesmos resultados contra a doença de Alzheimer, como a aspirina, gerando controvérsias no meio científico. Outra ação importante destes antiinflamatórios é que eles não atuam sobre outras proteínas do sistema nervoso, o que ocorre com outros medicamentos usados no tratamento do mal de Alzheimer que alem de atuarem sobre a proteína amilóide atuam também sobre outras proteínas gerando efeitos colaterais.

Uma pesquisa realizada no Convento das Irmãs de Notre Dame, em Minnesota, pelo pesquisador americano David Snowdon, trouxe à tona uma questão ainda não levantada. As irmãs tinham muitas características em comum: não bebem, não fumam, não passaram pelas transformações hormonais da gravidez, são da mesma raça (branca), têm origens semelhantes e comem os mesmos alimentos. Mesmo assim havia alto índice de prevalência da doença de Alzheimer. Através do estudo durante 15 anos, Snowdon e sua equipe, colheram muitos dados, inclusive os que constavam da ficha de admissão das irmãs quando de seus votos iniciais, mantiveram convivência com elas e ainda fizeram estudos histopatológicos em laboratório, estudando o cérebro das que iam morrendo. A conclusão foi surpreendente: existe uma causa de fundo emocional para o mal de Alzheimer. Eram mais acometidas por essa doença as freiras que na juventude não experimentaram “emoções positivas” (felicidade, esperança, gratidão, satisfação), nem mantiveram essas emoções no decorrer da vida.

O filme “Íris” mostra a historia de uma escritora inglesa, que teve uma vida ativa, uma mente brilhante, extremamente produtiva e bem sucedida, foi acometida pela doença de Alzheimer e perdeu a vida antes mesmo de morrer.

Há muito a ser estudado, pesquisado, compreendido, lembrando que o grande dificultador é a ausência de comprovação diagnóstica em vida e sim, somente após a morte através de exame do cérebro da pessoa atingida pela doença. Algumas conclusões já são admitidas pelos pesquisadores: o estilo de vida sedentário focado em uma só atividade; processos inflamatórios sem manifestações clássicas e muitas vezes desconsiderados ou tratados com auto medicação; hábitos alimentares errôneos com abuso de carnes gordurosas, embutidos, conservantes, refrigerantes, adoçantes a base de ciclamato; distúrbios do sono notadamente a apnéia do sono; uso e abuso de drogas e álcool são fatores que podem levar à desorganização das células nervosas e ter como conseqüência a instalação da doença e Alzheimer.


A doença de Alzheimer não tem cura, porém quando o tratamento é iniciado precocemente, pode minimizar o desenvolvimento e consequentemente seus sintomas e agravamento. A pessoa fica tranqüila e a convivência muito mais fácil. Começar o tratamento cedo quer dizer cedo mesmo, logo nas primeiras alterações comportamentais que geralmente familiares e ou cuidadores acham "que é coisa da idade". Estar atento a estas mudanças, é uma oportunidade para familiares e cuidadores. Não é com censura ou repressão que é possível minimizar ou controlar a doença e sim assumindo que há mudanças e encaminhando essa pessoa idosa para um atendimento especializado. Cabe ao medico o diagnóstico.

Aceitar o Mal de Alzheimer como diagnóstico de um familiar é o início da vivencia do Bem no Mal de Alzheimer.


Claudia Simao

O defensor dos idosos

O médico Robert Neil Butler criou o primeiro departamento de geriatria nos Estados Unidos. Recebeu prêmio Pulitzer pelo livro Why Survive? Being Old in America e escreveu mais de 300 artigos sobre medicina e envelhecimento.

"Ainda temos muitas atitudes negativas relacionadas aos mais velhos. Eles sofrem discriminação no ambiente de trabalho e também são vítimas de preconceito na assistência à saúde. Os médicos parecem estar menos dispostos a tratar uma doença em idosos do que em pacientes mais novos"

"Os próprios idosos poderiam contribuir, por exemplo, trabalhando por mais tempo – em vez de se aposentar. Aqueles que trabalham mais beneficiam sua própria saúde e também ajudam a sociedade."

“Sou otimista em relação ao envelhecimento da população e como as pessoas vão lidar com isso”, diz Robert Neil Butler, presidente do Internacional Longevity Center (Centro Internacional de Longevidade). Assim como vários senhores que chegam aos oitenta e três anos de idade, o psiquiatra e geriatra Robert N. Butler tem muita história para contar. Ao longo de suas mais de oito décadas de vida, Butler escreveu livros, acumulou prêmios e marcos para a história da medicina.

Há 40 anos, ele cunhou o termo “ageism”, para referir-se à discriminação contra idosos. Em 1975, fundou o National Institute on Aging e, no ano seguinte, ganhou um dos mais prestigiados prêmios literários americanos, o Pulitzer, pelo livro Why Survive? Being Old in America(Por que Sobreviver? Envelhecendo na América, sem edição no Brasil). E, em 1982, criou o primeiro departamento de geriatria nos Estados Unidos, na Mount Sinai School of Medicine, em Nova York.

Butler foi o primeiro médico a defender que os estudos sobre o Alzheimer deveriam ter status de prioridade nacional. Mesmo com o passar dos anos, não desanima: continua a lutar por um envelhecimento saudável e por condições ideais de tratamento para os mais velhos. “Precisamos treinar os médicos para que tratem melhor os pacientes idosos. Ninguém deveria se graduar numa escola de medicina sem conhecer os aspectos básicos do envelhecimento”.

Durante sua trajetória, ele assinou mais de 300 artigos científicos e médicos. Neste ano, lançou o livro The Longevity Prescription (A Receita da Longevidade) . Entre as recomendações, a principal: “Sabemos que todos precisam de um propósito, de uma paixão, alguma coisa que dê sentido e faça a diferença para a vida das pessoas– isso ajuda qualquer um a viver mais.” De seu escritório em Nova York, Robert Butler concedeu entrevista a VEJA.com, por telefone.

Com o aumento da expectativa de vida, quais serão os principais desafios da nova realidade demográfica?

Haverá mudanças em vários aspectos. Em primeiro lugar, culturalmente: tanto o Brasil quanto os Estados Unidos terão que se acostumar com essa grande mudança que ocorrerá em nossa sociedade. O envelhecimento global afetará a economia do mundo todo, o modo como lidaremos com os custos de assistência médica, como destinaremos recursos para a saúde e como trataremos certas doenças que surgem com o envelhecimento. Muitos desafios surgirão com essa extraordinária mudança da demografia.

Os avanços da medicina foram responsáveis por estender a vida humana. Mas o senhor acredita que as pessoas estão envelhecendo com a qualidade de vida necessária?

Não posso falar sobre os países em desenvolvimento, mas em lugares como o Japão, França e Estados Unidos, por exemplo, as pessoas não estão apenas vivendo mais tempo, mas observamos queda na taxa de incapacidade funcional (quando um idoso possui dificuldades, psicológicas ou fisiológicas, que interferem diretamente na possibilidade de exercer atividades cotidianas). É que chamamos de “compressão na morbidade”, que significa assegurar qualidade na ampliação da expectativa de vida. Então essa é uma boa notícia porque temos uma vida mais longa, mais saudável e com mais qualidade. Com certeza, é algo mais difícil de se alcançar em países pobres, onde os recursos para a saúde são mais escassos.

O que as pessoas precisam fazer para envelhecer com qualidade?

Recentemente, lancei o livro The Longevity Prescription, que fala sobre prevenção e indica atitudes para uma vida longa saudável: como uma alimentação melhor, exercícios físicos regulares, não fumar, consumir álcool moderadamente. Além disso, também escrevi sobre redução do estresse e a importância da conexão entre as pessoas, como um relacionamento é importante para uma vida saudável. Por exemplo, nós sabemos que pessoas casadas vivem mais do que aquelas que não são. Por último, sabemos que todos precisam de um propósito, de uma paixão, alguma coisa que dê sentido e faça a diferença para a vida dela– isso ajuda qualquer um a viver mais.

O senhor acredita que a geriatria será a especialidade médica do futuro?

Temos cardiologistas, neurologistas, ortopedistas e todos eles são importantes para o tratamento dos idosos. O que precisamos é de um profissional para concentrar os cuidados primários. Nos Estados Unidos, o paciente passa por vários médicos diferentes e cada um dos profissionais passa um medicamento para uma condição específica. O problema é que a combinação dos remédios ou as doses inapropriadas podem não ter o efeito esperado ou podem comprometer a qualidade do tratamento. Ninguém coordena isso. Nesse sentido, a geriatria é extremamente importante. Acho que existe uma preocupação geral na medicina americana sobre como tratar melhor e como dar assistência às pessoas que estão envelhecendo. Mas a verdade é que eles não têm feito muito. Ainda temos trabalho a fazer.

O que pode ser feito para preparar os médicos para cuidar de uma sociedade mais velha?

Precisamos treinar os médicos para que eles tratem melhor os pacientes idosos. Ninguém deveria se graduar numa escola de medicina sem conhecer os aspectos básicos do envelhecimento. Ensiná-los sobre os problemas da prescrição combinada de medicamentos, atentá-los para as características das doenças, já que muitas vezes elas se comportam de maneira diferente durante a velhice. Então temos vários conhecimentos básicos que precisamos ensinar aos médicos para que eles tratem bem os pacientes mais velhos.

Os convênios médicos tendem a ser mais caros para as pessoas mais velhas, que são as que mais precisam. Uma sociedade com idade avançada tende a precisar de mais cuidados médicos. Como resolver essa equação? É possível manter uma longevidade financeiramente segura?

Sim, os serviços de saúde são mais caros para pessoas mais velhas porque elas têm mais que uma doença. Eu acho que uma das formas de tornar esse tratamento mais barato é ter um grupo de médicos para cuidados primários: capazes de tratar as condições mais básicas e de destinar pessoas para os especialistas indicados. E volto a dizer que os profissionais precisam ser treinados. Se houvesse mais preparo, não ocorreriam tantos erros médicos que, além de arriscar a vida dos pacientes, também encarecem o tratamento final. Sem o conhecimento necessário, os médicos podem mandar para a casa um paciente com sintomas de pneumonia ou de ataque cardíaco. Liberar uma pessoa sem tratamento também não é economicamente viável.

Há 40 anos, você cunhou o termo “ageism”, que significa discriminação contra os idosos. Você acredita que houve melhora após esse tempo?

Sinceramente não. Apenas um em cada dez lares especializados em cuidados com idosos americanos possui a estrutura e a qualidade necessária para isso. Ainda temos muitas atitudes negativas relacionadas aos mais velhos. Eles sofrem discriminação no ambiente de trabalho e também são vítimas de preconceito na assistência à saúde. Os médicos parecem estar menos dispostos a tratar uma doença em idosos do que em pacientes mais novos.

O que o senhor pensa sobre fórmulas que prometem uma vida mais longa, como terapia antienvelhecimento?

Ainda temos um longo caminho até chegarmos lá. Mas existem informações promissoras de terapias que seriam capazes de diminuir o ritmo de envelhecimento e assim poderiam retardar o aparecimento de doenças que surgem com o avanço da idade. Eu não disse parar e nem reverter o processo de envelhecimento, mas sim retardar. Por exemplo, 80% de todos os tipos de câncer ocorrem com aqueles que têm mais de 60 anos. Supondo-se que seja possível retardar o envelhecimento, poderíamos adiar o aparecimento do câncer para depois de 70 anos. Teríamos um impacto incrível contra o câncer.

Nós sabemos que o envelhecimento também pode ser um fator de risco para o aparecimento de doenças como o Alzheimer. No passado, o senhor definiu a doença como prioridade nacional de pesquisa científica. O que mudou desde então?

Eu estabeleci o Alzheimer como prioridade nacional em 1977. Naquela ocasião, eram destinados menos de um milhão de dólares para estudos com o Alzheimer. Atualmente, gastamos meio bilhão ou mais. Então, nós estamos estudando mais para tentar entender como funciona essa doença devastadora. No entanto, nós ainda não encontramos a cura, mas muito bons trabalhos têm sido realizados durante esses anos.

O senhor acredita que é possível que a nova geração tenha um tempo de vida menor do que a geração atual por conta da epidemia da obesidade?

É um problema muito sério. Tenho uma grande angústia em ver como os jovens americanos estão se alimentando atualmente e para onde isso poderá levá-los. Crianças estão obesas, com diabetes e outros problemas relacionados. As pessoas precisam mudar sua alimentação. Nossas crianças precisam comer mais frutas e vegetais e devem ser orientadas sobre a ingestão excessiva de calorias.

O aumento da expectativa de vida não é um fenômeno apenas dos Estados Unidos, é mundial. Como o senhor enxerga essa situação daqui a cinquenta anos?

Sim, é um fenômeno mundial. Por isso, acho que no futuro as nações devem se unir para melhorar a qualidade de vida e controlar o gasto econômico ao mesmo tempo. Sou otimista em relação ao envelhecimento da população e em como as pessoas vão lidar com isso. O Brasil também vai melhorar, deve diminuir a taxa de incapacidade funcional. Acredito que vamos continuar a melhorar as condições de vida dos idosos com o passar do tempo. E espero, principalmente no caso da obesidade, que possamos reverter essa situação.

Você acredita que os governos farão o necessário para lidar com o envelhecimento da população?

Acho que não são só os governos que têm essa responsabilidade. Médicos, familiares e os próprios indivíduos podem fazer sua parte para melhorar a qualidade de vida e garantir um envelhecimento saudável da população. Acho que não estamos fazendo o que poderíamos fazer pelas pessoas mais velhas. Além disso, os próprios idosos poderiam contribuir, por exemplo, trabalhando por mais tempo – em vez de se aposentar. Aqueles que trabalham mais beneficiam sua própria saúde e também ajudam a sociedade. As pessoas podem fazer trabalhos voluntários. Você consegue dois benefícios pelo preço de um. Cuidando de si próprio e colaborando para a sociedade.

Eu sei que você é um grande especialista nesse tema, o grande incentivador desse debate. Mas o que fez o senhor se interessar por esse assunto?

Bem, precisamos voltar para 1955, quando eu era um jovem médico de alguma forma eu pensava no crescimento da população mais velha. Esse era um assunto muito desafiador porque ainda não sabíamos muito sobre envelhecimento. Eu pensava que as pessoas iriam envelhecer e que elas precisariam de atenção.

Quando era criança, o senhor chegou a cogitar em seguir essa carreira?

É fascinante que você tenha me perguntado isso. Quando criança, eu era muito próximo do meu avô, nós vivemos muitos bons momentos juntos. Sofri muito quando ele morreu subitamente. Com sete anos, decidi que queria me tornar médico. Eu tinha certeza que se eu estudasse isso, poderia ajudar pessoas como ele. E assim as pessoas poderiam viver por mais tempo.

Algumas pessoas têm medo de envelhecer. O que o senhor pode dizer a elas?

O que eu sei é que muitas pessoas têm medo de morrer e ficam ansiosas por saber como elas vão morrer. O mais importante é mostrar para as pessoas que uma vida saudável e de alta qualidade é possível. Os idosos que vivem o melhor da vida conseguem lidar melhor com esse medo.



O tempo é o senhor da verdade e da razão.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011


Muitas são as lutas que temos travado diariamente por oportunidades e istrumentos que nos garantam a melhoria da qualidade de vida e até mesmo a expectativa de vida.
As demandas, no entanto, não cessam.
Na verdade, quanto mais vitórias alcançamos, mais e melhor vivemos. Que bom! Mas tudo na vida tem um preço. E com nossa longevidade não é diferente.
Apesar das pequenas melhorias, muitos de nós - portadores de patologias progressivas e degenerativas -  chegamos a um estágio em nossas doenças que necessitamos auxílio para as tarefas mais corriqueiras, como higiêne pessoal, alimentação, locomoção e deslocamentos, etc.
Para isso, precisamos contar com a presença constante e ininterrupta de um cuidador que, no caso dos mais abastados, pode ser um ou mais profissionais contratados. Mas, na grande maioria dos casos, é mesmo um familiar que desempenha esta função.
Ocorre que, esse familar, ao longo do tempo, vê-se obrigado à difícil escolha de abdicar dos estudos, da carreira profissional, emprego, enfim, de tudo, para dedicar-se ao portador da patologia.
Não é raro verificar casos em que, anos depois, quando o parente portador já não se encontar mais entre nós e sua minguada aposentadoria por invalidez (quando há) cessa, aquele cuidador, já em idade avançada, que abriu mão de sua capacitação e vida profissional, passa, ele próprio, à condição de dependente de outros, por não ter mais como recomeçar a vida num mercado de trabalho tão competitivo quanto o brasileiro.
Dessa forma, é urgente que o Brasil acorde para a necessidade de uma política pública para os cuidadores, como a que já existe, há muito tempo, em vários países da Europa.
Ou acrescenta-se um percentual à aposentadoria do portador (quando houver) destinado ao sustento do cuidador, ou cria-se um programa específico nos moldes do Bolsa Família, acrescido inclusive de plano de saúde ao qual o cuidador continuará fazendo juz em caso de falecimento do portador, ou determina-se um salário-cuidador, mesmo, pago pelo estado e com direitos previdenciários. Para aqueles que já estavam empregados antes de tornarem-se cuidadores, poderia haver uma lei que lhes garantisse afastamento do trabalho com vencimentos e direitos integrais, enquanto persistir a necessidade do portador.
Ao contrário do que possa parecer inicialmente, esse tipo de política não atende apenas aos interesses dos portadores de patologias progressivas e incapacitantes e seus familiares, mas a toda a sociedade, na medida em que um paciente cuidado em casa onera menos o já deficitário serviço público de saúde e, consequentemente, o bolso de todos.
É hora, portanto, de nos unirmos em torno de mais esta bandeira. O momento me parece bem oportuno já que, a cada novo governo, renovam-se as esperanças de novos olhares, posturas e ações.

Claudia Simao 

terça-feira, 4 de outubro de 2011

XVI Simpósio Internacional de Atualização em
Psiquiatria Geriátrica
23 e 24 de março de 2012
Centro de Convenções APAS
Rua Pio XI, 1.200 – São Paulo / SP
Taxa de Inscrição:
Até 18/11/2011
De 19/11/2011 até
16/03/2012
No evento
S/Curso C/Curso S/Curso C/Curso S/Curso C/Curso
Associados
ABP*/ABNPG*/SBGG*
210,00 270,00 230,00 290,00 270,00 330,00
Estudantes* 160,00 220,00 190,00 250,00 230,00 290,00
Profissionais 240,00 300,00 260,00 320,00 300,00 360,00
* Enviar comprovante de associado ou carteirinha.

Regulamento para inscrição:
• O Curso só poderá ser feito se o participante estiver inscrito no Simpósio;
• Em caso de desistência, haverá devolução de 40% da taxa de inscrição no prazo
de 20 dias de antecedência da comunicação, caso contrário, não haverá devolução
da taxa;
• Em caso de não comparecimento, o valor pago pela inscrição não será devolvido;
• Residentes, estudantes de pós-graduação e acadêmicos devem comprovar sua
situação enviando uma cópia da carteira de estudante ou declaração da instituição;
• Sócios da ABP, ABNPG e SBGG devem comprovar sua situação enviando
juntamente com a inscrição uma cópia da carteira ou anuidade paga (para fazer
inscrição no dia do evento o participante deve comparecer com um comprovante da
Associação para ter o pagamento diferenciado).
Envio de ficha de inscrição e pagamento:

Acesse o site www.blcongressoseventos.com.br, link de Eventos, preencha os dados
da ficha de inscrição e emita o boleto bancário, título do Banco Santander/Banespa
(033), agência 0201, conta corrente nº 13-002185-3 em nome do Centro de Estudos do
Instituto de Psiquiatria – CEIP (CNPJ 49.913.627/0001-22).

Endereço p/correspondência: BL Congressos e Eventos, Rua Sargento Djalma
Evangelista, 157 - Vila Ponte Rasa, São Paulo/SP, cep: 03881-170.

Informações pelo tel: (11) 2046.0314/ 2280.2476 ou 3069.6973. E-mails:
bleventos@uol.com.br /bl@blcongressoseventos.com.br ou pelos sites:
www.proter.incubadora.fapesp.br e www.blcongressoseventos.com.br.

sábado, 1 de outubro de 2011

O Dia Internacional do Idoso, comemorado no dia 1º de outubro  foi instituído pela Organização Mundial da Saúde em 2003, com o objetivo principal de mostrar a situação do idoso na sociedade e gerar discussão sobre os direitos garantidos a essa parcela da população.


Promover a saúde do idoso é proporcionar seu bem-estar físico, mental, social e espiritual e não apenas garantir-lhe um teto, alimentação, prevenção ou tratamento de doenças; devem ter assegurados também, vida digna em um ambiente saudável, sem violência.
A população mundial está envelhecendo e é necessário o desenvolvimento e cumprimento de politicas publicas que possibilitem o fortalecimento e amadurecimento de ações no âmbito das relações sociais, econômicas, culturais e espirituais, entendendo que um país deve assistir a todas as idades além de promover o relacionamento intergeracional.
Infelizmente ainda há muita desinformação sobre as características e particularidades do processo de envelhecimento o que gera preconceito e desrespeito em relação às pessoas idosas. Em nosso país, à medida que envelhecem, as pessoas perdem o contato com a força de trabalho, vivenciam a desvalorização de aposentadorias e pensões, sentem o abandono da família, a falta de projetos e de atividades de lazer, além do difícil acesso a planos e sistema de saúde, culminando com a exclusão social, depressão e adoecimento, muito embora, envelhecer não signifique adoecer e sim viver e vivenciar mais uma etapa da vida humana.

 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dia Mundial da Doença de Alzheimer



O dia 21 de Setembro é voltado para movimentos solidários e de conscientização sobre a Doença de Alzheimer, uma demência senil considerada um dos problemas neurológicos que mais afeta a população mundial.

Conhecida como o “Mal do Século”, a demência do tipo Alzheimer afeta cerca de 40% da população acima dos 80 anos. Com a melhora da expectativa de vida e longevidade, a cada dia temos mais pessoas idosas. Paralelo a esse fato, o numero de profissionais especialistas em geriatria e gerontologia é absolutamente insuficiente. Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria o Brasil tem um geriatra para cada cinco mil idosos e o recomendável, seria um para cada mil. Vale lembrar que o país ganha todo ano, quase 800 mil idosos e a maioria não tem acesso a um especialista. Embora o percentual de pessoas idosas afetadas pela doença seja alto, ele não reflete o real numero de pessoas com diagnóstico correto e em tratamento, infelizmente.

A demência de Alzheimer é uma doença degenerativa que ainda tem sua causa desconhecida e é incurável até o momento, embora muitas pesquisas estejam acontecendo em todo mundo, porém quando o tratamento é iniciado precocemente, pode minimizar o desenvolvimento e consequentemente seus sintomas e agravamento.

O diagnóstico da doença de Alzheimer enfrenta uma série de desafios: preconceito, desconhecimento, escassez de profissionais especializados nesta área de conhecimento, dificultam não só o diagnóstico como também a procura pelo serviço de saúde e por fim a adesão ao tratamento. Grande percentual da população brasileira ainda tem o entendimento que a procura por um serviço de saúde está ligado a sinais e sintomas físicos como a dor e a febre. Sinais como tontura, labilidade emocional, falta de concentração, desinteresse, inapetência, quando manifestados em pessoas idosas, geralmente são justifica dos como sendo próprios desta faixa etária. O diagnóstico correto permite o tratamento assertivo e pessoa idosa necessita não apenas de atendimento médico e sim de ser assistida por equipe profissional especializada com a visão ampliada preconizada para a atenção a essa parcela da população.

O Dia Mundial da Doença de Alzheimer objetiva divulgar sinais e sintomas da doença para que profissionais e a sociedade recebam e troquem informações procurando minimizar todas as dificuldades na convivência com os portadores da patologia.


Claudia Simao

Através das relações intergeracionais e a reconstrução do Estado do Bem-Estar
Social no Brasil, nos parâmetros de uma sociedade contemporânea, ressaltando, não somente a QV (Qualidade de Vida), mas vínculos que devem serem formados, através de uma rede , que visa uma proposta nova para o empreendedor, família , sociedade levando-se em consideração o envelhecimento populacional através de uma visão holística.
A CUIDARE ofereçe, portanto, os Seminários, Fóruns, Palestras , Cursos , enfim ; que estão ligados às demandas da nossa população brasileira, levando-se em consideração esse foco, numa visão mundial .

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OBRIGADA,

Cláudia Simão